terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Lixo




Fora a D. Ermelinda varrer o Lixo do parque, como lhe ordenaram, e o Lixo do parque a D. Ermelinda varreu. Duas horas depois foi chamada à presença da jovem patroa.
- Pedi-lhe que varresse o Lixo, não foi?
- Oh! E eu varri, D. Susana..
- Como varreu? E o que são aquelas florinhas todas espalhadas pelo parque a fora?
D. Ermelinda fica baralhada e engasga-se um bocadinho:
- Mas.. pediu-me para varrer o Lixo - e hesitou porque de repente sentiu que a resposta lhe pareceu um pouco absurda naquele contexto - e desde quando as flores são Lixo, senhora? - pensou mas não disse. Acenou cordialmente - concerteza, senhora. Vou já tratar disso. Peço desculpa.
Pegou novamente na vassoura e na pá e encaminhou-se, diligente, para o parque. Antes de começar a varrer olhou para as nuvens no céu e questionou-se se também seriam do tipo de coisa que incomodaria aquela jovem senhora. Sorriu - bom, quanto a isso não posso fazer nada. E enquanto varria ia entretida pensando e analisando - qual seria o seu limite de tolerância? Em determinados contextos concerteza que enlouquece - ou eu enlouqueço..
Suspirou e sentiu-se velha demais para responder aos caprichos deste novo mundo.

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